– Mamãe, você não pode falar assim comigo!

– Eu sei, filha, mas olha como você falou comigo! (me justifico, ainda no calor da minha raiva e com tom de brava)

– Mamãe, mesmo que eu fale mal com você, você não pode falar mal comigo, não é certo.

Respiro fundo. Minha filha, aos 5 anos, é capaz de exigir respeito de mim com toda a tranquilidade do mundo e me deixa um pouco desconcertada quando isso acontece. Por um lado porque nunca tive essa possibilidade quando pequena, nunca me atrevi a falar assim com meus pais. Por outro, porque ela repete minha fala. É dessa forma que eu exijo que ela me respeite, então fico maravilhada que ela tenha aprendido a colocar limites, coisa que eu, com quase 40 anos, ainda patino pra fazer.

Ela tem razão, se ela é rude comigo, não tem sentido eu ser rude com ela pra deixar claro que ela não pode falar assim comigo. Fica incoerente, né? Se quero ensinar que grosseria não é o caminho, tenho que ser exemplo. Colocar o limite, claro, mas não responder no mesmo tom.

Respiro fundo. Faço uma pausa e reviso meu mundo interno. Por que perdi a paciência? Humm… Faz dias que minhas manhãs tem sido tensas, com uma bola de ansiedade enorme no estômago à espera de notícias do meu pai, que está internado em Campinas (não é pelo covid, foi problema no coração). Depois de mais de 20 dias inconsciente, ele finalmente acordou na segunda. Ele teve que fazer uma traqueostomia na semana passada, hoje parou de usar o respirador e agora estamos na torcida pra ele seguir melhorando sem recaídas.

Foram dias duros, de muita dor e sentimento de impotência por imaginar que eu poderia ter pedido meu pai sem direito a me despedir. E sei que esta está sendo a realidade para muitos de nós durante esta pandemia. Viver o luto à distância. Eu sinto muito se você está passando por isso. – Filha, me desculpe. Você tem razão, eu não tenho que falar com você deste jeito. Você também não, acho que nós duas estamos sensíveis. Ficar em casa tantos dias não está sendo fácil, não é mesmo? Temos que tomar cuidado pra não nos tratarmos mal por conta disso. Vamos tomar mais cuidado pra gente não se tratar assim?

– Sim, mamãe.

É muito fácil a gente descontar no outro o nosso mal estar. Quando estamos estressados ou inconformados com algo, encontrar um motivo que nos permita descarregar nossa raiva provoca um alívio instantâneo.
É meio viciante culpar os demais e temos que ficar alertas com esse padrão. Primeiro porque deteriora nossas relações, entramos num jogo de vitimização que se intensifica e os dois lados começam a praticá-lo e a se machucar com ele. Depois porque nos desvia do que de fato temos que fazer: validar nossa dor e cuidar dela.

Nessa quarentena, muito de nós estamos atingindo nosso limite, nos deparando com dores profundas. Por um lado isso assusta, eu sei, mas pode ser uma forma também de mergulharmos fundo em partes nossas que desconhecemos, um jeito de reconhecermos padrões que não nos servem mais.

Você tem passado por isso? O que tem descoberto “de novo” sobre você?

Texto: Maíra Soares

Tenho uma playlist no meu canal do Youtube com vídeos sobre a Quarentena, você está acompanhando?

✍️: Maíra Soares (@cantomaternar), Mentora de Mães e Educadora Parental em Criação Consciente

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