Quando uma criança chora, o que ela mais quer é se sentir compreendida antes de tudo. Se atendemos nosso impulso de cortar o choro a qualquer custo, corremos o risco de fazer nosso filho engolir o choro e reprimir a tristeza.
Porque crescemos escutando frases típicas como “não chore”, “não foi nada”, “não é pra tanto”, “menino não chora”, “menina bonita não pode chorar”, “se quiser te dou um motivo pra chorar“, é normal que a gente reproduza essas falas automaticamente. Mas estamos invalidando os sentimentos da criança que, por seu contexto de vida, etapa de desenvolvimento em que está, pouca capacidade de lidar com sentimentos, tem motivos para chorar sim.
Nós é que temos que oferecer segurança a ela e permitir que extravase o que está sentindo, para que libere o que a incomoda. Se chegamos com frases que negam o choro, nos desconectamos dela. Pode até ser que a criança pare de chorar, mas o que a estará impulsionando? O medo da desaprovação dos pais? A vergonha? A culpa? A sensação de ser inadequada?
Quando você fica triste a ponto de chorar, prefere receber um ombro ou escutar que o que você está sentindo não tem razão de ser?
Às vezes nós só precisamos que alguém nos diga: “eu sei como é se sentir assim, e você não está sozinho“. A Brené Brown, autora do livro A Coragem de Ser Imperfeito, explica isso muito bem nesse maravilhoso vídeo curto sobre O Poder da Empatia.
Como acolher o choro da criança?
Para acolher o choro da criança, há muitas falas que podem ajudá-la a se sentir acompanhada por você. Sei bem que em algumas crises de “birra” nossos filhos não querem nem que cheguemos perto. E não adianta apelar para explicações de que eles precisam entender a situação, no momento cérebro da criança está navegando pelo caos emocional e a lógica não entrará em sua cabeça.
Uma alternativa é esperar, enquanto soltamos frases que expressem que estamos presentes e ao lado dela, que sabemos que é um momento difícil, que a entendemos, que se precisarem podemos dar um abraço, escutar o que têm pra dizer e que a amamos muito.
Já usei muitas dessas frases que coloco aqui em momentos de crise emocional da minha filha, hoje com quase 3 anos, tanto em situações de choro mais tranquilo como nas de ataques de birra em que ela se joga no chão e não quer saber de nada, nem mesmo aceita que eu a toque. Nessas horas me sento no chão ou me coloco à altura dela e demonstro presença e aceitação. Tento transmitir amor e compreensão, me focando na ideia de que ela perdeu o controle das emoções e que precisa de ajuda.
“Eu estou aqui com você“. “Eu te amo“. “Eu estou te ouvindo.” “Eu sei que está difícil, meu amor“. “Eu entendi“. Aos poucos vou soltando frases para que ela entenda que eu estou ali ao lado dela, que eu me importo, que reconheço seus sentimentos e dou importância a eles.
“Eu vi que você ficou assustada / triste / brava / chateada“. “Tudo bem ficar triste, eu também fico triste às vezes“. Quando sabemos que outras pessoas sentem o que sentimos, nos sentimos aliviados, notamos que aquele incômodo é normal de ser sentido. Aqui podemos contar uma pequena história sobre uma experiência nossa que nos deixou triste para que a criança se sinta identificada. Se ela estiver num momento de muita crise, melhor deixar a história para quando ela recuperar a calma.
“Me conte o que aconteceu“. Muitas vezes eu nem entendo o que fez ela chorar e peço para que me explique, que respire e que me ajude a entender o que está rolando.
“Você prefere ficar sozinha, é isso? Quero que saiba que estou estou aqui pra você. Vou ficar aqui perto pra que você possa me chamar se precisar de mim“. Às vezes a criança demonstra que não quer sua presença e é importante respeitar isso também. Acredito que o cuidado aqui é não dar a entender que você se afasta por desaprovar o comportamento dela, que não soe como ameaça ou punição. Pode ser que você precise se afastar para recuperar a SUA calma e tudo bem, você pode explicar isso para seu filho: “eu vou sair um pouquinho para tentar ficar mais calma e já volto“. Muito melhor deixar a criança sozinha por alguns minutos enquanto você se acalma que gritar com ela por ter perdido a cabeça. Esse movimento, explicado com amorosidade, vai ensiná-la também que podemos usar o recurso de “dar-se um tempo” para nos tranquilizarmos.
Se entendemos o choro como mau comportamento e nos focamos em “corrigir” nossos filhos, não estamos oferecendo apoio.
Quando fazemos isso, estamos resolvendo as nossas dores, fugindo do nosso incômodo de ouvir o choro infantil.
Pode parecer difícil no começo evitar as frases que estamos acostumados a usar, mas quando estamos rompendo padrões, temos que ser pacientes e persistentes. É questão de treino mudar a forma de agir, aos poucos vai saindo de forma mais natural. Vamos tropeçar muitas vezes, e tudo bem, que isso nos sirva de alerta, de lição, na próxima vez tentamos de novo. Não se sinta um fracasso quando falhar nas suas intenções, foque nas vezes em que está dando certo e celebre suas conquistas.
Quando você começar a se sentir mais conectada com seu filho depois de uma tormenta emocional vivida por ele e bem acompanhada por você, vai se sentir grata por estar insistindo em aprender outras jeitos de lidar com os momentos de desafio que a maternidade te apresenta.
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Pode até parecer que o melhor a ser feito é resolver o problema ou a frustração que você percebe que seu filho está vivendo. Mas nem sempre esta é a melhor solução, nem sempre é isso que ele realmente precisa.
O que vai fazer seu filho se sentir melhor é você se conectar com ele.
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Como você lida com estas situações? Tem alguma frase que você usa que te ajuda a conectar com seu filho nessas horas? Compartilhe sua experiência nos comentários, ela pode ser valiosa para outras mães que acompanham o blog.
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✍️: Maíra Soares (@cantomaternar), Mentora de Mães e Educadora Parental em Criação Consciente
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