Não existe fórmula mágica na educação de filhos, estamos todos aprendendo e descobrindo que postura funciona melhor em cada situação. A Disciplina Positiva nos ajuda a entender que o comportamento inadequado está muitas vezes relacionado com o fato de a criança se sentir desestimulada. Portanto, em lugar de focar no comportamento indesejado, deveríamos tratar a causa: como podemos estimular uma criança que está se comportando de forma desafiante?

Essa ferramenta da Disciplina Positiva surgiu de um pai que compartilhou sua experiência com o filho de 3 anos. Ao entender que os acessos de raiva constantes do menino podiam estar relacionados com sua sensação de desestímulo e depois de muitas tentativas frustradas de repreendê-lo e puni-lo, este pai decidiu testar algo diferente. Durante uma crise de raiva do filho, ele se ajoelhou diante do garoto e pediu um abraço. Seu filho em princípio ficou meio sem reação, mas acabou cedendo. No começo ele estava um pouco rígido, mas logo seu corpo foi amolecendo e os dois se envolveram num longo aconchego. Quando o pai lhe disse: “Obrigado, eu precisava disso”, o filho respondeu, com os lábios ainda trêmulos: “Eu também”.

POR QUE É TÃO BOM O ABRAÇO?

O abraço é sanador, ele produz oxitocina (o hormônio do amor), libera dopamina (responsável pelo bom humor e motivação), fortalece a autoestima, diminui o estresse e a ansiedade. E claro, transmite muito amor, presença e conexão. Se você anda sentindo que está desconectado do seu filho, o abraço pode ser um momento de resgate dessa conexão. Ele vai fazer um bem enorme para seu filho e também para você, que certamente tem uma criança ferida dentro que precisa ser acolhida e maternada.

É bem verdade que muitas crianças não aceitam o contato físico durante uma crise de birra, o estresse é tão grande que não querem nenhum tipo de toque ou incentivo. Aqui eu percebo que a Nara está no ponto final da birra quando ela aceita meu abraço. Quando a crise dela é dessas mais sérias, difícil ela querer abraço no começo. Mas o adulto pode testar pedir um abraço em lugar de oferecer e até dizer algo como: “Precisamos nos acalmar, eu gostaria de receber um abraço quando você estiver pronto”. Ele pode se afastar e ver o que a criança faz.

Só fique atento para não usar um tom de chantagem nessas horas. Se você decide se afastar, por exemplo, deixe claro que VOCÊ precisa recuperar a calma e que por isso precisa ficar sozinho. Não transmita a sensação de que está deixando seu filho SOZINHO porque ele está fazendo algo errado e você o desaprova por isso, pois isso transmite a mensagem de que ele é inadequado por se sentir mal. Ele pode até parar o choro e vir atrás de você como num passe de mágica, mas estará mais guiado pelo MEDO de perder seu amor e pode acreditar que tem algo de errado com ele. É na primeira infância que estabelecemos nossos sistema de crenças e situações como essa podem fazer ele acreditar que sentir raiva, por exemplo, não é bom (quando na verdade é humano sentir raiva, ele só precisa aprender a lidar com ela).

Na verdade, estamos diante de uma criança que ainda não sabe lidar com seus sentimentos, ela está tendo um momento difícil, o que menos precisa é se sentir menos amada por não saber como lidar com o que sente. Lembre-se que muitas vezes você não dá conta das suas emoções e agora imagine como é se deparar com uma tormenta emocional tendo um cérebro ainda em formação. Barra, não?

MAS O ABRAÇO NÃO VAI REFORÇAR O MAU COMPORTAMENTO? COMO MEU FILHO VAI ENTENDER QUE ESTÁ AGINDO MAL?

Precisamos desconstruir a ideia de que uma criança tem que passar mal para se comportar bem. Nosso exercício é olhar o sentimento que está por trás do comportamento, tentar entender a necessidade da criança que não está atendida. Uma criança que se comporta mal está desmotivada, se sentindo mal amada, está sinalizando que precisa de carinho. Claro que você pode explicar que aquele comportamento não é adequado, mas cuide para antes de tudo restabelecer a conexão que está frágil entre vocês. Valide sempre os sentimentos da criança para que ela se sinta compreendida e livre para sentir o que surge dentro dela.

Também não gosto de passar a mensagem de que chorar é comportar-se mal. Se a criança se frustra e protesta, está no direito dela. Se ela começa a quebrar coisas ou a bater, aí sim tenho que “corrigir”, ver de que forma posso ajudá-la a usar essa agressividade de forma mais saudável. Mas chorar é natural, é um jeito inteligente do corpo eliminar a sensação ruim. Incomoda o adulto? Bem provável! Mas não tá errado, quem tem que aprender a lidar com o choro da criança somos nós (e isso vai dar pano pra muitos posts, aguardem),

Quando decidimos interromper a lógica de prêmios e castigos, fica claro que o abraço aqui não é uma recompensa, mas sim um recurso para tratar a origem do problema: reconectar e transmitir amor. O abraço serve para curar a dor dessa criança, seu filho, que você tanto ama e que tanto precisa sempre da certeza de que é amado por você. Dê essa prova a ele. Abrace-o!

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Por sinal, você já leu o lindo relato que publiquei de uma educadora que usou o abraço para melhorar o comportamento de um aluno? É uma história super bonita e sensível, se ainda não leu, recomendo.

SOBRE O PODER DO ABRAÇO. E A IMPORTÂNCIA DE OLHAR POR TRÁS DO COMPORTAMENTO DA CRIANÇA. “Há exatamente 19 dias eu postei aqui no face sobre um aluno de 4 anos que não sabia respeitar. E eu disse também que estava começando um novo método: a pedagogia do abraço. Para quem não leu, a minha metodologia seria: a cada vez que ele fizesse algo que não devia, eu daria um abraço nele. Já tem 18 dias que eu comecei e estou aqui para postar os resultados. A primeira vez que eu fiz isso foi logo no dia seguinte do post. Ele estava fazendo bagunça com os blocos, enquanto eu chamava um grupo de cada vez para fazer a atividade. Chamei ele quando vi a bagunça e ele demorou até ir onde eu estava, com medo de levar bronca, apesar da minha voz estar calma. Quando ele chegou eu não disse nada, apenas o abracei. Ele ficou sem entender nada, parado na minha frente, como se esperasse por mais. Falei que ele podia ir e aí ele decidiu sentar ao meu lado pra fazer a atividade ainda sem entender direito o que tinha acontecido. Ao final daquela aula ele fez questão de me dar um abraço de despedida. Até a professora da sala reparou. A partir desse dia ele foi mudando aos poucos e tem se comportado absurdamente melhor em todas as minhas aulas. Na turma dele vários alunos querem ser meus ajudantes e ele é um dos que começou a me pedir todo dia e eu sempre digo que sim. Hoje mesmo eu ouvi ele falando para todo mundo sentar na roda quando eu pedi. Antigamente, nesse momento, ele era um dos primeiros a fazer bagunça no chão e agora ele é um dos primeiros a pedir que os outros sentem também. Quando sentamos na roda hoje ele veio ficar abraçado comigo, no meu colo. Um gesto tão carinhoso que a professora até tirou foto, impressionada com a sua atitude. Tudo isso foi fantástico e me dá vontade de chorar só de lembrar, de tão emocionante que é. Mas eu ainda não contei a parte mais impressionante. A maior mudança disso tudo foi na verdade comigo e não com ele. Eu passei a olhar mais para ele, dar mais atenção. Se antes ele me tirava do sério, me irritava e me deixava querendo ficar longe, hoje tudo mudou! Hoje eu vejo nele uma criança amável a quem eu não apenas amo, mas também gosto de estar perto e trocar experiências. O amor muda mesmo as pessoas e isso é apenas mais uma prova disso!” Texto: Carolina Barra

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✍️: Maíra Soares (@cantomaternar), Mentora de Mães e Educadora Parental em Criação Consciente

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