Quando comecei a me dar conta que precisava me aproximar da minha criança interior e validar suas dores, foi bem difícil para mim. Minha mãe faleceu em 2011 e só depois de ser mãe, em 2015, é que entrei em contato de verdade com minhas sombras e percebi que tinha muito do meu passado que ainda estava obscuro para mim.

Eu achava que tinha sido uma criança tranquila e fácil de lidar, mas investigando minha biografia fui percebendo que pouco conhecia da minha infância. Eu reproduzia a leitura que minha mãe tinha feito sobre como eu era e não entendia porque me senti tão sozinha e desatendida. Algo não encaixava, sabe? Ela dizia que eu tinha sido uma criança boazinha, que não tinha dado muito trabalho, mas a verdade é que ter sido rotulada assim me fez entender que eu não tinha muito espaço para demonstrar minhas necessidades e aos poucos fui aprendendo a esconder de mim mesma alguns sentimentos que eu percebia que não agradavam minha mãe.

Agora que eu estava a ponto de reconectar com minha criança ferida, por conta dos processos terapêuticos e de autoconhecimento que eu decidi viver depois do nascimento da Nara, como seria confrontar minha mãe, que eu tinha tão endeusada e nem teria como se defender? Como aceitar a dor e a raiva que eu tinha dela?

Confesso que até hoje é difícil reconhecer que eu tinha sentimentos avessos em relação a minha mãe, eu me sentia ingrata e traidora. Eu me defendia dizendo que sabia que ela tinha feito o melhor que pôde, que não tinha culpa de não ter me atendido ou me validado, que tinha menos consciência e que viveu outro período, em que as orientações eram outras. Também entendia que sua infância tinha sido ainda mais dura e que ela já tinha feito muito mais por mim, que se não pôde me dar mais atenção ou amor, é porque não tinha recebido. Difícil dar o que não recebemos, certo? Tudo isso é verdade, então eu não me via no direito de me sentir mal com ela.

No entanto, precisei tomar coragem para validar minha criança interior ferida, porque fui entendendo que se resistimos reconhecer que existe essa dor, ela não vai embora, ela continua presente dentro de nós e nos toma em momentos inoportunos, nos guia e nos impede de ter uma vida tranquila. Nos impede de conectar com nossa essência, de sermos quem viemos a ser. E também de conectar com este amor que viemos buscar e não recebemos.

Sim, temos que honrar o passado, é um passo maravilhoso fazer as pazes com nossa história. Perdoar nossos pais é fundamental para nos livrarmos de mágoas e não carregarmos sentimentos com vibrações negativas durante a vida. É bonito poder olhar para eles com gratidão, entendendo que tudo aconteceu como deveria ter acontecido. Mas não podemos resistir em validar nossas dores do passado por fidelidade aos nossos pais, isso seria fingir que não sofremos e não temos sequelas emocionais para curar.

Tá tudo bem reconhecer que seus pais te deram menos do que você necessitava, isso não é traição. Eles foram quem puderam ser e fizeram o melhor que puderam, é verdade. Mas você precisa reconhecer suas feridas e procurar uma forma de transmutá-las para não arrastá-las por aí achando que não teve nenhum problema. Você não precisa deixar de amar seus pais para se sentir livre para buscar formas de fazer as pazes com seu passado. Não use essa desculpa, ela só vai atrasar seu processo de crescimento pessoal. E acredite, você pode sim entrar em contato com suas dores, por mais assustador que pareça. Você já não é aquela menina ou aquele menino indefeso, você pode sim trazer segurança a ela/ele. Confie!

Fez sentido pra você? Como está sendo para você olhar para trás? Você se sente mal de reconhecer que seus pais não te atenderam do jeito que você precisava? Comente abaixo!

✍️: Maíra Soares (@cantomaternar), Mentora de Mães e Educadora Parental em Criação Consciente

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