– Nara, vamos colocar a meia? Já está ficando friozinho e seu pé não pode resfriar.
Esse foi o comentário do pai, ao chegar na cozinha hoje cedo e ver a Nara com os pés descalços no chão gelado tentando espiar o que tinha no prato do café da manhã. Sua reação foi esticar os pés para ficar mais alta e meter a cara dentro do prato, sem esboçar nenhuma reação à fala do pai.
– Nara, vamos lá colocar a meia.
Nada.
– Nara, vamos, não quero saber, vai ter que colocar a meia sim ou sim. Já está frio pra ficar sem meia, não queremos você doente.
Quando vi que aquilo não ia dar resultado e que podia ir longe (digo por experiência própria), corri pro quarto e voltei com o maior tom de novidade.
– Nara, qual meia você quer usar? Essa de listras cinzas e azuis ou essa vermelha de florzinha??
– A vermelha! Olha papai, vou vestir a meia vermelha!
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É muito difícil conseguir a colaboração da criança quando fazemos exigências. Ela costuma reagir mal com o tom imperativo, se sente muito melhor se pode fazer escolhas. É importante lembrar que quando se aproxima dos 2 anos, a criança começa a notar que é um ser separado da mãe. Ela passa a reivindicar mais autonomia, a querer se diferenciar e demonstrar que tem opinião própria. É muito bom para a autoestima dela manter-se neste lugar de poder, por isso é tão frustrante ser mandada, ter que obedecer regras ou exigências.
É a fase dos “nãos”, “assim não”, “eu sozinh@”. Já notou como muitas vezes eles se ofendem com nossas sugestões? Quanto mais chances você der à criança de fazer escolhas por ela mesma, melhor ela vai se sentir e mais conectados vocês estarão. Isso também pode ajudar a diminuir as crises de birra, que muitas vezes acontecem por um acúmulo de frustrações pelo fato de ela se sentir impotente, sem lugar de escolha, já que tem que aceitar ordens ou negativas o tempo todo.
Muitas vezes, a criança interpreta que só é amada ou faz parte quando está no controle ou quando prova que ninguém manda nela. Bater de frente só intensifica o comportamento desafiador dela.
Uma das ferramentas que a Disciplina Positiva propõe para reverter esse quadro é de possibilitar que a criança faça escolhas. Quando a criança é muito pequena, podemos dar a ela escolhas limitadas.
É muito fácil cair na cilada de perguntar pra criança: “Vamos tomar banho? / Você quer ir pro banho agora?” Ela pode simplesmente dizer: “não!” Uma alternativa seria oferecer a ela duas escolhas limitadas. Perguntamos se prefere ir pro banho agora ou depois de terminar de montar mais um castelo com o papai (depois de 5 minutos é muito abstrato pro cérebro ela). Ou perguntamos se prefere levar o boneco da Peppa ou do Pocoyo para o chuveiro. Ou seja, não tomar banho não é uma opção e as duas escolhas que oferecemos são sempre alternativas seguras, respeitosas e aceitáveis.
Quando a criança demonstra resistência, usamos a criatividade para envolvê-la com a ida ao banho de modo que ela atenda a sua necessidade de ter controle sobre suas decisões. Ao mesmo tempo, ela vai aprendendo sobre limites e desenvolvendo seu senso de responsabilidade. Quem já aplicou essa ferramenta e obteve sucesso, notou como muda o semblante da criança quando ela sente que volta para o lugar de poder de escolha. Isso com certeza é uma bomba de gás de autoestima para ela.
Encontrar alternativas firmes e gentis de educar gasta muito menos energia que entrar numa disputa de poder com a criança, além de ser mais respeitoso e de proporcionar a autodisciplina dela.
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E você, costuma usar essa ferramenta? Coloque nos comentários sua experiência!
✍️: Maíra Soares (@cantomaternar), Mentora de Mães e Educadora Parental em Criação Consciente
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