Minha filha tá com 1 ano e 10 meses e não sei mais o que fazer! Tenho também uma bebê de 1 mês e a mais velha chora sem motivo, tem uma birra atrás da outra, se comporta mal, não me respeita, não ouve ninguém. Eu conto até 5 e digo que vou perder a paciência, mesmo assim ela não para, parece que faz pra me irritar.
Tô me sentindo péssima, ontem saí de mim, gritei com ela e acabei dando umas palmadas. Depois chorei muito, pedi desculpa, mas tá muito difícil me controlar pra não bater e gritar. Tô perdendo a vontade de lutar, parece que vou explodir a qualquer momento. Por favor, me ajuda, tô me sentindo um monstro.”

Este texto foi inspirado em mensagens que troquei com uma seguidora. Ela me autorizou a compartilhar sua história, mas preferi não citar seu nome.

Recebo mensagens assim quase todo dia. Não consigo responder todo mundo, mas sugeri que ela lesse o ebook gratuito que escrevi sobre . Disse que nenhuma criança age mal com intenção, mas sim porque está se sentindo mal. Resumidamente, expliquei que o ciúme é natural e que ele é uma evidência de que a criança está sentindo falta do amor materno. Ela se sente ameaçada, percebe que perdeu atenção da mãe e não sabe lidar com esse sentimento. Castigar, repreender ou bater são atitudes que só vão confirmar as interpretações confusas da criança: “eu realmente não mereço o amor da mamãe, devo ser ruim, ela não me entende, o bebê importa mais”. É preciso reconhecer que a chegada de um irmão gera dor e que faz parte o mais velho se sentir mal. Se caímos no erro de brigar contra o sentimento da criança, estamos rejeitando sua forma de ser e não conseguimos conectar com ela. Será muito melhor aceitar e validar o sentimento dela e ajudá-la a cuidar dessa ferida. Só assim ela vai se sentir melhor e poderá recuperar sua paz e amorosidade. A criança precisa de confirmações de que a mãe ainda a ama, é isso que vai curar sua dor. No ebook  eu detalho o que acontece na cabeça do filho mais velho e o que atitudes os pais podem tomar para que todos superem esta etapa.

No dia seguinte, esta mãe me escreveu de novo.

Chorei um monte lendo o ebook, não sabia que ela pudesse estar se sentindo tão mal e sem saber como lidar com isso. Fechei os olhos e senti a dor dela. Nunca imaginei que isso poderia mexer tanto comigo. 

Hoje comecei a fazer diferente, não é nada fácil abraçar alguém que está aprontando. Ela estava gritando, chorando muito e queria me morder e beliscar. Eu fechei os olhos, respirei fundo, me abaixei na altura dela e falei:

– Filha, a mamãe te ama, me dá um abraço?

Ela me abraçou tão forte que eu bem mais que ela precisava daquilo.

Esse foi só um primeiro passo. Durante o dia todo tentei não gritar com ela, só Deus sabe como foi impactante para mim. Tá sendo muito desafiador, fui criada de uma maneira muito rígida e apanhei bastante. Minha mãe teve um bebê atrás do outro e, como filha mais velha, assumi responsabilidades muito cedo. Não gritar e não bater vai em contra a criação que tive, hoje foi como se eu tivesse dando socos em pedra.

Mas eu quero mudar, se for pra doer, que doa em mim e não nelas. Quero a confiança delas e sei que para isso preciso mudar muito.”

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É muito comum mães me escreverem preocupadas com o comportamento dos filhos e acreditando que eles estão “impossíveis” por teimosia ou opção. Meu primeiro ponto é sempre mostrar que ninguém age mal porque quer. Até nós, quando gritamos com nossos filhos, estamos tentando o melhor e atingimos um limite. Gritamos porque perdemos o controle, porque não demos conta do recado, não porque queremos machucar a criança, certo? Uma criança que está agressiva não está se sentindo bem, só que ela não tem ferramentas para lidar com isso.

O grande desafio para nós é aprendermos a enxergar a necessidade por trás do comportamento de nossos filhos, é sermos capazes de conectar com o que eles estão sentindo e fazer as pazes com a realidade, aceitar como eles estão agindo sem projetar neles nossos próprios medos ou dores. No lugar de acreditar que: essa criança não para de me provocar, ela não me obedece, podemos entender que meu filho está assustado com a chegada do irmão, ele está sentindo minha falta e não sabe como lidar com a raiva, a saudade e o medo de me perder.

Se conectamos com a dor daquele pequeno ser que tanto amamos, nos abrimos para o desejo de acolher nossos filhos, nos permitimos viver o amor incondicional. Quando julgamos, queremos que o outro mude e nos distanciamos. Se a criança está com medo de perder o amor materno, como se sentirá quando além de tudo for reprimida por nós? Não tem como o cenário melhorar, não é mesmo? la se sentirá cada vez pior.

Quando esta seguidora se permitiu conectar com a dor da sua filha mais velha, sem querer ela se deu conta do quanto sua criança ferida estava presente e mexida com sua experiência como mãe de duas. Como seria acolher a dor da filha mais velha se ela mesmo teve que esconder seus sentimentos e tornar-se responsável pelos irmãos mais novos tão pequena? Se não pudemos olhar para nossas dores, será muito difícil reconhecer as necessidades de nossos filhos. Mas vocês percebem que movimento lindo aconteceu quando ela se abaixou e ofereceu um abraço à filha?

Quando acolhemos nossos filhos nos momentos de crise estamos também maternando nossa criança interior ferida. É curativo para eles e para nós e é um dos presentes mais lindos que a experiência de ter filhos pode nos oferecer. O que pode ser mais desafiador na parentalidade, esse controle de emoções, também é o movimento mais profundo rumo ao nosso crescimento pessoal.

O que você achou da experiência desta mãe? Já viveu algo parecido? Compartilhe nos comentários e inspire outras mães.

“Dar o que não tivemos dói, mas nos cura” – Yvonne Laborda

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✍️: Maíra Soares (@cantomaternar), Mentora de Mães e Educadora Parental em Criação Consciente

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Uma resposta

  1. Nossa , Maíra! Quanto aprendizado viu!
    Tenho percebido que olhar e acolher as minhas dores, permite realmente reconhecer as necessidades da minha filha. Não sabia que a maternidade traria este movimento todo e um profundo desejo de ser melhor e evoluir. Gratidão!

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