Estes dias sobrou pra mim cuidar da Nara e de dois amiguinhos novos que acabamos de conhecer na cidade pra qual nos mudamos recentemente. Enquanto os pais tomavam uma cerveja e batiam papo no bar da praça, eu fui até o parquinho infantil para acompanhar as crianças. Depois de uma hora e tanto sentada, com a temperatura perto dos 5 graus, já louca pra voltar pro mundo dos adultos, me dei por vencida.
– Meninos, voltamos pro bar? Tô morrendo de frio e vocês já se divertiram bastante!
– Não!
Obviamente, meu apelo não tocou o coração deles. Minha primeira reação foi pensar que não estavam sendo empáticos nem justos comigo. Mas, claro, por que deveriam cortar a brincadeira? Enquanto eu passava frio, eles subiam e desciam nos brinquedos, não paravam de se mexer e se divertir, estavam tendo um momento delicioso.
É muito fácil cair no erro de me irritar nessas situações. Posso entrar numas de que tenho que aproveitar a deixa para ensinar a Nara que ela tem que ser mais empática. No entanto, tenho feito diferente: em vez de exigir, ofereço. Quero que minha filha seja empática comigo? Preciso ser empática com ela. Respirei fundo e retomei.
– Vocês estão se divertindo muito, não é?
– Sim!
– Claro, brincar no parque é muito divertido! Eu também me lembro como era gostoso, nunca queria ir embora do parque quando era pequena. Quantas vezes mais vocês querem subir e descer na gangorra antes da gente voltar pro bar?
– 3! – disse a Nara, que no auge dos seus quase 3 anos mal sabe contar.
– 5! – sugeriu a garota.
– 10! – ousou o menino (os dois têm 5 anos).
– Legal! Balançamos 10 vezes mais e vamos ao bar?
– Tá bom!
E foi simples assim, eu quase não acreditei. Comecei a contar e pedi ajuda, quando chegamos ao 10 fiz uma pequena festa e convidei os três a correrem até o bar. Saíram felizes!
Não entrei numas de fazer discurso, insistir, apelar pra razão, pedir que entendessem meu lado. Tem vezes que até dá certo, a Nara se convence e colabora de boa. Mas e quando ela bate o pé e se recusa a fazer o que quero? Se eu insisto impondo minha ideia, o mais provável é que ela continue a se negar e eu acabe apelando pro sermão ou talvez implorando e em seguida ficando nervosa. Ela pode até aceitar, mas sai visivelmente contrariada e mais distante de mim.
No entanto, é muito mais fácil CONECTAR COM A CRIANÇA do que tentar empurrar nossa regra para ela. Se entendemos que ela tem uma razão para oferecer resistência, se não a julgamos e não tentamos anular seus motivos, se validamos o que sente, conectamos com o que está vivendo, mostramos que a compreendemos, é muito mais provável que ela colabore. E ao permitir que nossos filhos participem da decisão de ir embora, eles se sentem respeitados e considerados. Não é assim que gostaríamos de ser tratados?
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Antes de explicar ao seu filho que ele precisa ir pra casa porque vocês têm que jantar, experimente se aproximar e conectar com o momento que ele está vivendo. Coloque-se no lugar dele e valide a situação: “Nossa, está muito gostoso descer no escorregador, não é? É uma sensação maravilhosa. Já imaginou se pudéssemos ficar aqui a tarde toda? Vir pro parquinho é o melhor momento do dia. Você gosta de vir ao parquinho? Claro que sim, o parquinho é mesmo incrível… Hummm. Você está com fome? Como está seu estômago? O que acha de irmos pra casa? Quantas vezes quer descer no escorregador antes de irmos embora?”
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Aqui tenho focado muito mais na validação do que nas explicações do porque não se pode isso ou aquilo, porque está na hora de fazer não sei o que. Quando foco na validação, sinto que minha filha se abre e se conecta e é mais fácil que ela solte a questão. É diferente de ceder ou de resolver o problema, eu simplesmente aceito que ela esteja incomodada com a realidade e confirmo que sei o que está sentindo e o quanto é difícil para ela aceitar que as coisas não estão saindo como ela gostaria. Nem falo dos sentimentos dela, simplesmente digo coisas como: “você queria muito continuar no parque e agora temos que ir embora, né? Eu sei, você preferia ficar aqui, afinal é muito divertido passar tempo no parque!”. Em outro post posso contar porque evito nomear os sentimentos dela.
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Mas e quanto a ensinar nossos filhos a serem empáticos? Será que eles entenderam a lição com esta experiência do parque?
Ultimamente tenho refletido sobre isso: precisamos mesmo ensinar nossos filhos a serem empáticos, a respeitarem os outros, a serem isso ou aquilo que acreditamos ser o melhor para eles? Ou podemos confiar que sendo o que queremos que se tornem estaremos inspirando eles?
Acredito que o mais importante é ser exemplo e confiar que nossos filhos vão se inspirar em nós. Em vez de querer que a Nara aprendesse a ser empática comigo na saída do parque, usei a situação para exercitar minha capacidade de ser empática. Quando percebi que comecei a julgá-la, tomei a decisão consciente de não me deixar levar por este beco sem saída e optei por ser quem eu gostaria que ela fosse. O tempo vai me dizer se isso vai refletir na educação dela, mas eu acredito que sim.
✍️: Maíra Soares (@cantomaternar), Mentora de Mães e Educadora Parental em Criação Consciente
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