Estamos de férias na França, na casa de uma amiga que tem uma filha um ano mais nova que a Nara, hoje com 4 anos e meio. Praticamente é o primeiro contato delas, já que fazia mais de 2 anos que eu não via esta amiga.
Viajar para as crianças já é difícil. Passar vários dias na casa de pessoas que não conhecemos pode ser desafiador (assim como para nós, adultos, não?). É outro ambiente, são outras regras, pessoas que não conhecemos bem, no caso até outro idioma. A Nara costuma levar numa boa esses encontros, moramos na Espanha e todo ano vamos ao Brasil ou fazemos alguma viagem internacional. Ela se deu bem com a nova amiguinha, mas sempre tem um desafio pra lidar no convívio, né? Aquele brinquedo que entra na disputa, uma discussão aqui ou ali, um “não sou mais sua amiga”, “ela não me deixa fazer x”, o cansaço do fim do dia que deixa a criança mais sensível… fora isso tem a saudade do pai e de casa, não podemos menosprezar a dificuldade que a criança está tendo quando é levada para viajar om a gente, mesmo que o programa seja muito divertido e prazeroso em diversos momentos.
Ontem teve uma hora em que a Nara ficou bem nervosa e não conseguia parar de gritar. Estávamos no jardim dos nossos amigos, num horário em que muitas pessoas da casa estavam dormindo, quando ela entrou numa discussão com a amiga e começou a berrar. Quanto mais eu pedia para ela parar, mais alto ela gritava. Aquilo foi me deixando tensa e quando vi já estava levantando a voz para ela.
– Filha, não grite desse jeito, tá todo mundo dormindo. Vamos pro nosso quarto até você se acalmar.
Ela tapava as orelhas e pedia para eu não falar com ela. Foi aí que decidi pegá-la no colo e levá-la pro quarto, mesmo que aos berros. Ela tentou escapar, mas fui firme porque não queria que ela seguisse gritando pela casa.
– Filha, nós estamos de visita e não podemos incomodar. Vamos ficar aqui no quarto até a gente se acalmar. Eu também tô nervosa e preciso respirar. Respira comigo.
No começo ela só chorava. Coloquei ela no meu colo, abracei e comecei a repetir:
– Eu tô aqui com você, não vou te deixar sozinha, vou te ajudar a ficar mais calma. Tenta respirar. Olha só, vamos fingir que tem uma vela aqui na nossa frente, o que você acha? Assopra a vela.
Ela me ignorou e continuou chorando.
– Filha, ok, você precisa chorar? Tudo bem, então deixa o choro soltar que é bom pra acalmar também.
Comecei a ninar ela enquanto cantava “Chororô”, uma canção que aprendi da Fabiana Godoy, do Ninho Musical. Cantei umas 3 vezes e ela começou a ficar mais calma. Depois retomei a ideia da vela e ela participou. Disse de novo que pra mim também ajudava respirar fundo e soltar o ar devagarzinho como se soprasse uma vela. Dali a pouco estávamos rindo e rolando juntas na cama.
Sempre que esses momentos acontecem com minha filha, eu não insisto em dar lição ou ensinar a melhor conduta social para o momento. Na hora em que ela está em pleno caos emocional, ela perdeu o controle das emoções, não tem espaço para sermão. Minha preocupação é ajuda-la a lidar com o nervoso que ela está enfrentando e mostrar que estou ao seu lado para dar apoio, que ela pode contar comigo. E depois, em outro momento, retomo a situação vivida para exemplificar como podemos agir nessas horas. Fiz isso à noite quando líamos o livrinho “Casa dos Sentimentos” e falávamos sobre como é estar zangado e o que podemos fazer quando nos sentimos assim. Ela acabou relembrando o acontecido da tarde e do que fizemos para ela ficar calma. O que tentei passar pra ela foi: tem vezes que ficamos muito estressados ou nervosos e fica difícil manter a comunicação com o outro sem apelar pro grito ou sem ficar agressivo. Nestas horas, melhor não insistir. Se estamos muito nervosos, é melhor encontrar um jeito de se acalmar antes de seguir a conversa, pra não correr o risco de tratar a outra pessoa mal, de fazer alguma besteira e ficar arrependido depois.
Foi aí que eu descobri que ela sabia a música do Chororô inteirinha e até gravei um vídeo no dia seguinte de nós duas cantando juntas. 💗
Eu demorei bastante para conseguir conduzir estes momentos com amorosidade e acolhimento, tive que desconstruir muitas crenças e domar muitos leões internos. Nossa tendência, por conta da criação que tivemos, é interpretar o descontrole emocional de nossos filhos como falta de educação e mau comportamento, queremos logo controlar o choro ou a raiva deles e ignoramos que o comportamento desafiador surge justamente quando eles mais estão precisando de ajuda nossa. Isso porque ele evidencia alguma necessidade não atendida, que pode ser desde algo físico (cansaço e fome, por exemplo), até algo emocional (tristeza, frustração, saudade, estresse, raiva, medo, ciúmes, insegurança…). Sentir nossos filhos e conectar com suas necessidades, sem julgá-los, nos possibilita estar presentes de verdade e oferecer o acolhimento necessário para ajudá-los a lidar com seus sentimentos. É dessa forma que criaremos filhos emocionalmente saudáveis.
E você, como faz para ajudar seu filho a se acalmar quando ele perde o controle das emoções?
Imagem da capa: Rita (@o_trocatintas)
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✍️: Maíra Soares (@cantomaternar), Mentora de Mães e Educadora Parental em Criação Consciente
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